Redações dos alunos da Turma de Gemologia (Fageo - UFPA) - Atividade 2
- Fábio Brasil
- 24 de nov. de 2020
- 4 min de leitura
Na disciplina optativa de Introdução à Gemologia do curso de Geologia da UFPA, ministrado pela Professora Dr. Rosermary Nascimento (tutora do Grupo PET-Geologia UPFA), foi realizado uma atividade onde os 10 alunos teriam que redigir uma redação comentando sobre um objeto gemológico especial para eles. Dentre todas as as redações, duas foram selecionadas para a publicação no site do Grupo PET-Geologia UFPA, a redação dos alunos Leandro Freitas Sepeda da Silva, com o tema "A Coruja" e do Aluno Tiago Marinho Pedroso Sousa, com o tema "A Pedra Preciosa da Amazônia ".
A Coruja
Estudante: Leandro Freitas Sepeda da Silva
A passagem de um estudante do ensino médio, para o ensino superior é um momento muito importante, para isso acontecer o estudante precisa se submeter a uma prova. Na véspera da prova do ENEM, eu estava com a minha namorada passeando no shopping para relaxar a cabeça e realizar uma prova mais tranquila. Ao entrarmos numa dessas lojinhas de semi joia, ela ficou encantada por um colar de coruja (Figura 1) e eu acabei por comprá-lo para ela. Acredita-se que a coruja é um animal que representa a sabedoria e a inteligência. Passaram-se alguns meses depois que realizamos a prova e recebemos o resultado que havíamos passado no vestibular

Figura 1: Pingente na forma de coruja
O corpo da coruja é um material sintético lapidado na forma de brilhante. Na hora que compramos o colar nem passava pela cabeça o significado da coruja, foi apenas por ela ter gostado; algum tempo depois viemos saber do misticismo por traz da coruja e lembramos desse colar que estava com ela no momento em que ela mais precisou de sabedoria e inteligência.
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A Pedra Preciosa da Amazônia
Estudante: Tiago Marinho Pedroso Sousa
A jarina é o nome de uma semente encontra na palmeira Jarina, comumente, encontrada na região oeste e sudoeste da região amazônica. Inicialmente, nos anos 70, a jarina era utilizada como material para botão, mas com a chegada do plástico perdeu seu posto diante da maior durabilidade e custo benefício dos botões de plástico. Nos anos seguintes da década de 1980 a jarina retornou ao cenário comercial, mas no meio artístico nos estados do Acre, Amazonas e Rondônia. Sua utilização como joia de adorno obteve êxito junto a combinação ideal com metais nobres, e se tornou na década de 2000 independente e com caráter mais nobre, adquirindo status de gema orgânica (Costa et.al., 2006).
A palmeira da jarina ocorre em planícies de inundação constituídas de solos silte-argilosos com alta concentração de quartzo, argilominerais e sedimentos ricos em SiO2 e Al2O3, de outros óxidos apenas relativamente abundantes como K2O, MgO e CaO. Quanto as características físicas da amêndoa da palmeira Jarina, esta apresenta cor branca, leitosa com brilho sedoso semelhante ao marfim de animais como o elefante, dureza baixa de 2,5 na escala de Mohs, densidade de 1,43 g/cm³, é amorfa (não apresenta estrutura cristalina definida), não é quebradiça, e apresenta suscetibilidade de decomposição a fungos e bactérias, por se tratar de um material orgânico, assim constituída basicamente de celulose, material orgânico produzido pelas plantas (Costa et.al., 2006).
Por exemplo, temos um exemplar da joia de jarina (figura 1) o corte seccionou a semente de jarina ao meio, cortando-a em várias fatias e ao meio foi utilizado, provavelmente, broca serra copo lisa para cortar a parte central da semente enquanto inteira para preenchimento com outro tipo de material, de maneira a gerar maior valor agregado. A sua lapidação na parte de cima da joia foi feita com o corte cabochão, enquanto que na porção de trás da joia uma leve incursão foi realizada, culminando em uma leve depressão do material. O tratamento utilizado para a conservação da joia ao que tudo indica foi feito com um tipo de verniz adequado que ressalta as leves feições fibrosas da semente.

Figura 1: A biojoia de jarina, lapidada e tratada.
Portanto, a jarina é uma gema inorgânica que ocorre somente na região oeste e sudoeste da Amazônia, que apresenta um elevado potencial gemológico, sua obtenção depende de uma palmeira e da coleta pelos povos adjacentes da semente na floresta amazônica, a confecção da jarina para o mercado é relativamente simples com o uso da lapidação cabochão e de produtos químicos como vernizes especiais para impedir a sua rápida decomposição, afinal a jarina é uma gema orgânica que pode ser decomposta por micro-organismo.
Referências
Branco. P. de M. CPRM. Fatores Que Determinam o Preço das Gema. Disponivel em: < http://www.cprm.gov.br/publique/Redes-Institucionais/Rede-de-Bibliotecas---Rede-Ametista/Fatores-Que-Determinam-o-Preco-das-Gemas-1097.html#:~:text=3%C2%BA%2C%204%C2%BA%20Rubi%20e%20safira,at%C3%A9%20US%24%209.000%20por%20quilate.>
COSTA, Marcondes L. da; RODRIGUES, Suyanne F. S.; HOHN, Helmut. 2006. Jarina: o marfim das biojoias da Amazônia. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rem/v59n4/v59n4a059.pdf>. (Acesso em 13 de agosto de 2020).
Liccardo A., Oliveira, E. F., Jordt-Evangelisita H. 2005. Rubi e safiras de Minas Gerais, Brasil. Revista Escola de Minas, Ouro Preto, v. 58, n.3, p. 237-245.
Liccardo A., Oliveira, E. F., Jordt-Evangelisita H. 2006. Coríndon No Brasil: Química, Inclusões, Espectroscopia e Aspectos Genéticos. Revista Brasileira de Geociências. Volume 36 (1- suplemento).
Pinillos, M.J.J.; Gavrilenko, E. 2009. CURSO BÁSICO DE GEMOLOGÍA ON-LINE. Instituto Gemológico Espanhol e IGE&Minas.
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